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O reggae não é pra se ouvir é pra se sentir, quem não o sente não o conhece. (Bob Marley)

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quarta-feira, 22 de junho de 2016

A FORÇA DA MULHER NA CULTURA REGGAE

Sobre o silenciamento das cantoras de reggae em CDs comercializados em São Luís/MA

Por: Franci Shakur Shakur

Album “Black Woman” de Judy Mowatt






Como mulher preta periferada, amante e pesquisadora de reggae roots, comecei a procurar por reggaes interpretados por mulheres em alguns CDs que vem sendo vendidos na Jamaica brasileira, o resultado levantado impressiona!
Dos 6 (seis) CDs que ouvi (30 anos de Reggae; Reggae Time 1, Reggae Time 2, Reggae Time 3, Reggae Time 4 e Reggae do Vinil,) apenas o último (Reggae do Vinil) têm duas músicas interpretadas pela cantora Sonya Spence, nos demais somente homens estão cantando.
 
A maioria desses CDs contém entre 20 e 24 faixas e apenas uma das várias mulheres cantoras de reggae aparece. Sabemos que na história do reggae jamaicano existe uma importante produção feminina, mas onde está a contribuição dessas mulheres? Onde está a contribuição de Rita Marley, Marcia Grifits, Judy Mowatt, Donna Marie, Hortense Hellis, Althea & Donna, Janet Kay, Dezaire dentre outras?
Isso demonstra que há um silenciamento da produção feminina quando da escolha das músicas que irão compor esses CDs, que a nosso ver é reflexo do lugar dado a nossas mulheres, em sua maioria pretas na sociedade em geral, as que ganham menos que homens sejam pretos ou brancos, as que são objetificadas, tratadas com objeto sexual, como apontam indicadores sociais do IBGE e do IPEA por exemplo.
É assustador o silenciamento da produção das nossas mulheres, quando a história de muitas delas se confunde com a história do reggae roots jamaicano ou inglês, a exemplo de Rita Marley, Márcia Griffiths e Judy Mowatt que começaram como “backing vocals”, ganharam espaço e se tornaram grandes vozes do reggae music. Quando não divulgamos suas músicas seja em CDs ou nos salões de reggae estamos apagando a sua própria história. É preciso combater a invisibilidade das nossas mulheres cantoras de reggae, elas cantam o amor, a paz, a liberdade, a resistência. Suas vozes precisam ecoar.
A figura do produtor, do DJ e de quem produz um cd como esse tem poder, é ele quem decide entre o que divulgar ou não e também entre o que tocar ou não. Nesse sentido é importante nós mulheres regueiras(cantoras, produtoras, djs e amantes do reggae) ocuparmos esses espaços para falar e discutir sobre o lugar da mulher na sociedade e na música reggae como forma contribuir para a superação desse silenciamento oriundo de um machismo que não se dá apenas no reggae, mas é estrutural da sociedade brasileira. Mas, sobretudo, é importante que nós mulheres possamos ser a própria enunciadora dessas vozes e subjetividades. Por isso a importância de cada vez mais mulheres nos espaço de decisão e produção na cena reggae maranhense.
Fabiana Rasta, icone da cena Reggae do Ma.